Secreção ocular (muco ocular) em cães e gatos: sinal de alerta ou amigo?

1. O que são e porque aparecem?

As lágrimas desempenham funções vitais: lubrificam e protegem a córnea, removem os resíduos e fornecem oxigénio e nutrientes aos olhos. É comum encontrar uma pequena quantidade de secreção ocular — aquele muco fino e com crostas à volta dos olhos — ao acordar, como parte de um mecanismo natural de proteção.

2.º Tipos de secreção ocular: quando se preocupar?

A secreção ocular pode variar muito em aparência e significado. Abaixo estão os principais tipos e a sua interpretação clínica:

  • Crosta ligeira ou muco (secreção ocular normalizada): transparente ou ligeiramente avermelhada, típica à noite e fácil de remover com um pano húmido.
  • Lacrimejamento excessivo (epífora): quando as lágrimas não drenam adequadamente ou são produzidas em excesso, acumulam-se e mancham a pelagem.
  • Manchas avermelhadas ou castanhas: causadas por pigmentos chamados porfirinas, são geralmente um problema estético se não existirem outros sintomas.
  • Muco branco ou acinzentado: alerta de olho seco (queratoconjuntivite seca), uma condição em que o olho produz menos lágrimas, causando inflamação, secreção de muco e risco de úlceras.
  • Secreção amarela ou esverdeada: sinal provável de infeção ocular, requer avaliação urgente.

3. Possíveis complicações e riscos ocultos

Se as secreções não forem tratadas adequadamente, podem levar a consequências graves:

  • Conjuntivite, úlceras e irritações da córnea: especialmente se houver dor, vermelhidão ou hemorragia.
  • Olho seco (OKS): se não for tratado, pode provocar pigmentação da córnea, cicatrizes e até perda de visão.
  • Prolapso da glândula olho-de-cereja: O aparecimento de uma massa avermelhada visível, comum em raças como Beagles, Bulldogs, Shih Tzus, Lhasa Apso e Boston Terriers. Se não for tratado, o tecido saliente pode inflamar ou ulcerar.

4. Raças mais propensas: anatomia e predisposição genética

  • Braquicéfalos: Bulldog, Pug, Boxer, Bulldog Francês, Boston Terrier, etc. – estruturas faciais que dificultam a drenagem adequada das lágrimas.
  • Raças com pelos compridos junto aos olhos: Cocker Spaniel, Shih Tzu, Lhasa Apso, Yorkshire Terrier – a irritação recorrente do pelo provoca corrimento.
  • Maior predisposição para o olho seco (OCC): em Cocker Spaniel, Shih Tzu, Bulldog, West Highland White Terrier, Schnauzer e Lhasa Apso.
  • Cherry eye: mais comum em Beagle, Cavalier King Charles, Bulldog, Lhasa Apso, Boston Terrier, Pug e Cocker Spaniel Americano.

5. Cuidado e prevenção: práticos e eficazes

  • Limpeza diária da secreção ocular com um pano húmido ou solução oftálmica neutra.
  • Mantenha o cabelo afastado dos olhos para evitar irritações e obstruções.
  • Utilize produtos concebidos para uso ocular: não aplique medicamentos em pessoas ou noutras áreas do corpo.
  • Em casos de olho seco, tratamentos como lágrimas artificiais, ciclosporina ou tacrolimus são significativamente úteis; é necessário um acompanhamento veterinário contínuo.
  • Em caso de infeções ou lesões (como úlceras da córnea), é necessária intervenção médica, antibióticos ou mesmo cirurgia.
  • No caso do olho de cereja, está indicada a intervenção cirúrgica se não se resolver por si.

6. O papel da urze e da ulmária (breve menção educativa)

É interessante saber que algumas plantas, como a urze (Calluna vulgaris) e a ulmária (Filipendula ulmaria), têm propriedades anti-inflamatórias e calmantes que podem contribuir para o alívio natural da irritação nos olhos.

Conclusão

Em última análise, a secreção ocular em si faz geralmente parte de um processo natural e protetor. No entanto, a sua cor, textura e quantidade podem revelar doenças que requerem atenção veterinária. A chave é a observação, a limpeza diária e a consulta de um especialista quando surgem sinais de alerta. Assim, podemos garantir que os nossos fiéis companheiros cuidam dos seus olhos... e de nós com o seu olhar!

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